Há 44 anos, o Edifício Joelma ardia em chamas no centro de São Paulo
Reprodução/ Matheus Vigliar - 01/02/2018Nem foto, muito menos filmagem. Nenhum registro pode ser feito no interior do Edifício Praça da Bandeira, em São Paulo, o antigo Joelma. Se você tiver a oportunidade de conversar com algum funcionário do prédio para entender o motivo, provavelmente escutará alguma história realmente assustadora.
Há exatos 44 anos, centenas de pessoas morreram no local após um incêndio devastador. O edifício foi reformado, mudou de nome, mas até hoje uma áurea inexplicável ronda o terreno, tido por muitos como amaldiçoado desde os tempos da colonização.
Durante algumas semanas — incluindo três visitas durante a madrugada —, o Hora 7 apurou histórias de pessoas que viveram situações extremamente sobrenaturais no Joelma. Entenda a seguir as proporções dessa tragédia e acenda a luz antes de ler qualquer uma das histórias abaixo.
Imagine a violência de um incêndio que, 36 horas após ter começado, ter sido combatido e controlado, ainda faz uma coluna central de concreto ficar fumegante. O rescaldo, como é chamado pelos bombeiros.
Quem testemunhou a cena acima foi um ex-auditor externo do Banco Crefisul — empresa que alugava os escritórios do Joelma na época do incêndio — e ex-voluntário da Defesa Civil do Estado de São Paulo, convocado para dar suporte aos bombeiros na noite do dia 2 de fevereiro de 1974, um dia após a tragédia.
"Nós chegamos pela garagem e entramos pelo 12° andar, onde haviam derrubado uma parede", conta. Os trabalhos começaram de cima para baixo e àquela altura as escadas já estavam livres para o grupo levar suprimentos às autoridades que trabalhavam no local.
Foi quando, ao chegar no 19° andar, uma cena marcaria para sempre a vida do então voluntário: "No banheiro, duas moças estavam mortas em pé, abraçadas e coladas. Não tinham cabelos e nem roupas."
Além da imagem chocante, o ex-auditor também lembra de pedaços de corpos espalhados pelos antigos escritórios. "Você percebia um corpo e quando virava para vê-lo, encontrava apenas metade, porque a outra metade havia sido incinerada."
Alguns meses depois, ele encontrou uma perita que conheceu durante aquela noite e o que ela revelou foi ainda mais surpreendente: "Muitas fotos que ela disse ter tirado de corpos e objetos durante a expedição, quando reveladas, apareceram vazias."
Horas extras costumam não ser convidativas por diversos motivos. Um deles é o fato de você ter que permanecer no local de trabalho, quando boa parte dos colegas já foram para casa ou estão em algum happy hour nas imediações.
Em janeiro de 2014, por volta das 21h, poucas luzes são vistas acesas através das janelas do Edifício Praça da Bandeira, em São Paulo. O antigo Joelma. Duas funcionárias ainda trabalham em um desses pontos iluminados, no 14º andar. De acordo com elas, não havia mais ninguém no setor nesse horário naquele dia.
Foi quando algo estourou na sala ao lado de onde elas estavam. Mesmo com o susto, as duas foram verificar o que havia acontecido. Ao chegarem no local, se depararam com o vidro de uma das divisórias totalmente estilhaçado no chão.
"Fomos verificar para ver se era o vento. Olhei todas as janelas e todas estavam fechadas. O vidro simplesmente explodiu", contou uma das funcionárias. "Não ficamos mais tempo para averiguar se era fantasma ou não", completou a outra.
A hipótese descartada pelas testemunhas foi a explicação dada pela equipe de manutenção do prédio, que trocou o vidro no dia seguinte.
Dois redatores da mesma empresa onde trabalham as funcionárias citadas acima também passaram por uma experiência tão irracional quanto assustadora. Eles preferiram não conversar com a reportagem, mas autorizam as colegas a contar o caso para o Hora 7.
Após a realização de um evento no térreo do edifício, os dois rapazes retornaram ao escritório no 11º andar para redigir a cobertura que fizeram da atividade. Os ponteiros do relógio estavam prestes a marcar 23h.
Já em suas mesas e imersos nos textos para entregar, eles começaram a ouvir barulhos de chaves vindos de um corredor próximo. Os sons chegavam cada vez mais perto. Foi quando ambos olharam em direção à porta e viram um homem com um grande chaveiro pendurado na calça. Alguns segundos se passaram e a inesperada figura simplesmente desapareceu diante dos olhos deles.
"Os dois viram. Não poderia, portanto, ser uma alucinação", destacou uma das funcionárias.
Não é de se surpreender que eles deixaram o prédio imediatamente após a experiência.
A ideia parecia promissora para Daniel Branco, 30, universitário do curso de Publicidade em 2011: gravar um documentário estilo "Bruxa de Blair" durante uma noite no antigo Edifício Joelma.
No intuito de fazer acontecer, ele encontrou uma comunidade do Orkut sobre o prédio e disse ter explicado sobre o projeto em uma postagem. Logo em seguida, recebeu o seguinte recado de um internauta: "Não mexa com isso."
O atual publicitário questionou o autor da mensagem, que explicou ter sido assistente de uma personalidade ligada ao Joelma na época do incêndio. Mesmo assim, Daniel quis saber se ele teria o contato de alguém que pudesse viabilizar a gravação: "O cara falou que veria nos 'diários' dele. Achou um número e insistiu: 'Não mexa com isso. É a última coisa que eu te falo.'"
O contato era da administradora do prédio que informou que a captação de imagens no interior era proibida. Daniel não desistiu e foi até lá ver se conseguia algo. Além da visita em vão, uma estranha reação foi desencadeada no corpo do estudante ao retornar para casa.
"No metrô, senti uma coceira no braço, uma bolinha vermelha, que foi crescendo. Quando cheguei em casa, foi parar na outra mão, até tomar todo o meu corpo", lembra. Um primo que estava com ele naquele dia disse: "Você está pegando fogo, cara!"
Eles passaram álcool sobre a pele do publicitário. Após quase duas horas de sofrimento, as machas sumiram, assim como apareceram: inexplicavelmente. E o documentário nunca saiu do papel...
Edifício Joelma: histórias e lendas sobre o terreno "amaldiçoado":