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A holandesa Noa Jansma, de 20 anos, não conhece os dois homens acima que aparecem atrás dela, com expressão de quem estão felizes da vida. A garota, ao contrário, não parece nem um pouco confortável. E não está mesmo: Noa, que mora em Amsterdã, diz que fez essa selfie com sujeitos que tinham acabado de mexer com ela na rua. Ela clicou outros homens ao fundo em imagens feitas pelas vias da cidade holandesa. Montou uma coleção de imagens muito parecidas, postadas no Instagram
Reprodução (Instagram)
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Ela tem um motivo para isso: mostrar o assédio diário que sofre, "como acontece com outras mulheres"
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Cansada de passar pela rua e receber assobios, piadinhas sobre o corpo, galanteios baratos e cantadas explícitas, Noa decidiu mostrar a cara de quem assedia dessa maneira inusitada. "Nem sempre um elogio ou um gesto desse é agradável", explica a estudante de Design
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"Esses homens podem ser inconvenientes e estúpidos achando que estão agradando", emenda
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A iniciativa de postar selfies dos desconhecidos que mexem com mulheres em Amsterdã ganhou uma página no Instagram, chamada Dear Catcallers, algo como "Queridos Assediadores"
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— Só queria mostrar o tanto que muitos desses homens que mexem com mulheres na rua parecem inconscientes do que estão fazendo
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O universo dos retratados inclui moradores, turistas, trabalhadores, baladeiros, gente que está fazendo compra, desocupados e, como ela fala, gente de todas as idades. E só revela, nas imagens, maiores de 18 anos
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Noa diz que é "vítima frequente" de homens que tentam pará-la em Amsterdã
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— Muitos também abordam, seguem você de carro ou a pé. Não sabem que podem ser bem desagradáveis e inconvenientes
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Ela acrescenta em entrevista ao jornal britânico Metro: "Uma mulher passa numa obra na calçada. De repente, um sujeito grita algo do tipo: 'Aê, gostosa, anda mais devagar pra gente te ver melhor'. E todos dão risada. Se fosse o contrário, ou se partisse de alguém de quem eles nem conhecem ou não quisessem ouvir, talvez não gostassem tanto de fazer isso"
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Ela lançou o projeto, como chama, em agosto
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Em poucas semanas, a conta atraiu mais de 42,7 mil seguidores, homens e mulheres
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A maioria apoia a ideia da universitária: "Brilhante. Você tem toda a razão", costumam dizer alguns seguidores
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"Sim, homens costumam exagerar quando tentam dar uma cantada", falam outros
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"Noa mostra bem o quanto as mulheres se sentem mal com algumas abordagens na rua", escreve uma garota francesa. "faz meio com sarcasmo e tristeza. É esquisito mas verdadeiro"
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As fotos viralizaram e receberam milhares de compartilhamentos e "likes" nas redes sociais
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"As imagens parecem até engraçadas, mas não é essa a ideia. São irônicas", comentou um seguidor
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Noa deu entrevistas a dezenas de jornais europeus, contando por que começou a fazer selfie desses homens que mexem com ela na rua
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— Não adianta se você está vestida com pouca ou com muita roupa, tem homem que faz questão de berrar com você na rua. O que não acontece, claro, só comigo
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— Minhas amigas e certamente milhões de mulheres mundo afora devem passar pelo mesmo tipo de situação chata
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"Na maior parte das vezes é um elogio agressivo com conotação sexual", diz
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"Toda mulher escuta diariamente as maiores barbaridades na rua. na frente de todo o mundo, como se fosse a coisa mais normal do mundo", lembra
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Ela teve a ideia de fazer as selfies num dia em ficou especialmente abalada
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Dois homens a seguiram no metrô por várias estações. "Pareciam uns psicopatas", lembra. "E tentaram me agarrar. Só pararam quando eu denunciei a seguranças"
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— Agora, quando ouço alguém mexendo comigo e me sinto segura, vou até o sujeito, digo que tenho uma conta no Instagram e gostaria de tirar uma foto com eles
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"Geralmente os homens se divertem com isso", conta ela. "Fazem caretas, gesticulam, riem. E ainda me dão mais cantadas. Aí eu vou embora. Muitos ficam gritando pedindo meu número de telefone. Falo para entrarem nessa conta do Instagram"
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"Eles fazem tudo isso com muito entusiasmo", conta
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Já teve gente xingando depois que viu a página? "Teve, mas o cara, quando me viu, me deu mais cantadas", responde
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— Só mostra que muitos homens, não todos, lógico, não têm a menor consciência que essas abordagens podem incomodar
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Ela promete fazer mais fotos durante mais um mês
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Não sabe se vai continuar por muito tempo: "Só o suficiente para mostrar o que acontece quando uma mulher é abordada em centenas de fotos"
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Ela vem pedindo para outras mulheres colaborarem com suas próprias selfies
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"Muitas têm vergonha de se retratar nessas situações", acredita
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Noa avisa que já recebeu mensagens de garotas que vão sair pelas ruas de várias cidades para fazer o mesmo que ela
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— Vai dar para se ter uma boa ideia de que esse é um fenômeno global
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Ela promete juntar as imagens e lançar tudo numa mesma página
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"Aguardem. Devem chegar várias imagens bem estranhas como as que fiz", promete
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